Vila Velha

Série praias capixabas: Vila Velha

Série praias capixabas: Vila Velha

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Vila Velha não é a capital do estado, mas é quase como se fosse. Foi ali que a então Capitania do Espírito Santo nasceu, em 23 de maio de 1535. É a cidade capixaba mais antiga. Vila Velha está ligada em Vitória por um dos cartões postais mais emblemáticos da região, a Terceira Ponte é o cordão umbilical entre o lugar que fez nascer a essência espírito-santense e a cidade-ilha. Todo vilavelhense sabe que a modernidade se faz presente nas planícies do lugar que não para de crescer e de sentir o progresso chegar a cada ano, mas quando olha para o alto, de quase todos os pontos da cidade, enxerga o monumento símbolo que reúne história, fé, arquitetura e mito.

Romaria reúne 500 mil fiéis à padroeira do ES

Romaria reúne 500 mil fiéis à padroeira do ES

Um mar de fiéis cobriu boa parte da Avenida Lindenberg na noite deste sábado (26), durante a tradicional Romaria dos Homens. De acordo com a organização da Festa da Penha, cerca de 500 mil romeiros participaram do ato de fé, mas o número ainda não foi fechado pela Polícia Militar.

Ao todo, foram 14 quilômetros percorridos da Catedral de Vitória, na capital, até a Prainha, em Vila Velha. Sob o som dos hinos religiosos e as luzes vindas das velas carregadas pelos fiéis, a imagem de Nossa Senhora da Penha, padroeira do estado, emocionou e encantou os milhares de devotos. O sexto dia do oitavário da Penha foi encerrado com uma celebração eucarística.
Os romeiros saíram da Catedral Metropolitana de Vitória, na Cidade Alta, por volta das 19h30, e seguiram até a Prainha, em Vila Velha. Ao longo dos 14 quilômetros, os fiéis caminharam com velas acesas e em oração. A todo momento, as velas eram levantadas em homenagem à santa.

Embora nomeada Romaria dos Homens, a presença de muitas famílias chamou a atenção dos fiéis. Homens, mulheres, idosos e muitas crianças demonstraram devoção entoando hinos religiosos e bradando o nome da padroeira. Apegados a terços, quadros e imagens, os romeiros clamaram por Nossa Senhora e agradeceram pelas tantas graças alcançadas.

No meio da multidão, muitas pessoas vestiam camisas iguais para identificar de onde vieram ou a que grupo pertencem. Curiosamente, o bombeiro hidráulico Orlando Soncini viu nesse “costume” uma chance de se solidarizar com os mais necessitados. Há três anos, ele troca camisetas da romaria por doações de alimentos. “Sempre fiz essa romaria e via as pessoas com camisas iguais, mas nunca consegui uma pra mim. Então tive a ideia de fazer uma e distribuir para os amigos. Há três anos, comecei a entregar as camisas e pedir em troca uma doação de alimentos”, explicou.

As doações, segundo Orlando, serão entregues na Basílica de Santo Antônio, em Vitória, e depois distribuídas aos mais necessitados. Para ele, a atitude vem da vontade de fazer o bem. “Goste de ajudar. Venho na romaria não para rezar só por mim, mas por todos que precisam”, disse.
Uma celebração eucarística presidida por Dom Giovanne D’Anielo, Núncio Apostólico do Brasil, na Prainha, em Vila Velha, encerrou a peregrinação.

Histórias de fé

Representando as milhares de famílias que participaram da romaria, o casal Ari Martins e Selma Almeida levou os filhos Rodolfo e Rafael, de 8 e 5 anos. Selma contou que levar as crianças é uma forma de proporcionar o contato com a fé e dar a eles os ensinamentos religiosos desde pequenos.

Além disso, ela acredita que a vida de Rodolfo é uma graça concedida por Nossa Senhora da Penha. “Ele nasceu com uma doença que o deixa com baixa imunidade e precisou ficar isolado na Utin. A médica disse que ele não sobreviveria, então prometi que se ele se curasse, eu acenderia uma vela do tamanho dele todos os anos. Trago ele na romaria para que saiba como a padroeira é importante na história da nossa família”, contou.

Outro exemplo de fé é o da aposentada Glória Bravin Rossi, de 83 anos, que acompanhou a passagem da romaria sentada na calçada. Ela garantiu que vários são os motivos que a levam a agradecer à padroeira, mas que um é lembrado com um carinho especial. “Meu neto era viciado em drogas. Pedi à santa que intercedesse por ele e ela me atendeu, graças a Deus. Agora, faço doações a uma casa que cuida de dependentes químicos, para que outras pessoas também possam ser libertadas do vício”, disse.

Com os olhos marejados diante da imagem da padroeira, a aposentada Zuleica Carvalho, de 66 anos, contou que há muitos anos nem poderia imaginar estar presente na romaria. “Fui brincar no trilho do trem e quebrei a perna. Naquela época, não tinha a medicina como é hoje. O médico disse que eu teria que amputar a perna. Minha vó decidiu não me levar mais ao médico, e veio até o Convento para fazer uma promessa. Passei a ser medicada com remédio caseiro e fui curada. Chegaram a dizer que eu nunca mais andaria, e agora olha eu aqui, andando tudo isso”, emocionou-se a devota.

Texto e Imagens Portal G1 Globo